quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Oroboros

Está chegando o Dia das Crianças, uma data que celebra justamente o oposto da fase que vivo agora — os 27/28 anos, quando é quase inevitável atravessar um conflito interno. A gente se questiona, julga o que já fez, onde chegou e o quão distante está daquele lugar que imaginava quando ainda era… criança.

No Clube de Leitura do R., que acontece em todas as luas cheias, teremos no próximo mês a leitura do “Pequeno Príncipe”. Isso me trouxe uma lembrança muito especial: foi o primeiro livro que li sozinha na vida. Eu devia ter uns 7 anos, lembro de me sentar à mesa da cozinha para ler, enquanto minha mãe passava de um lado para o outro arrumando a casa.

É uma história bela, contada do ponto de vista de um príncipe que nunca perde seu olhar de criança, que conhece mundos habitados por adultos diferentes e questiona cada um deles. Por que será que, quando crescemos, alguns de nós só pensam em dinheiro? Ou em acumular posses? Tão preocupados com coisas que, aos olhos de uma criança, nem fazem sentido. Eu mesma me vejo nesse ciclo: correndo atrás de objetivos que, quando alcançados, só abrem espaço para a busca do próximo. Às vezes esquecemos do simples: que a vida, por si só, já tem um valor imenso. E que podemos, sim, viver um pouco como crianças — aproveitando o que temos, do jeito que temos.

Neste Dia das Crianças, vou dar ao meu filho um exemplar do mesmo livro. Quero que seja também o primeiro que ele leia por conta própria. Dessa vez, poderei ouvir a história de um outro ponto de vista: do ponto de vista de alguém que já subiu um pedaço da montanha da vida adulta e agora pode observar a mesma história sendo descoberta por outra criança de 7 ou 8 anos.

E me pergunto: será que estou mesmo aprendendo a viver? Ou ainda me preocupo demais com coisas que, no fundo, nem têm tanta importância?